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Quando se deve internar um dependente químico?

11/06/2024

Quando se deve internar um dependente químico?
 
 

Quando Se Deve Internar um Dependente Químico? 

A dependência química é uma doença crônica e complexa que afeta não apenas o indivíduo, mas também suas famílias e comunidades. Determinar o momento adequado para a internação de um dependente químico é uma decisão crucial que pode influenciar significativamente a trajetória da recuperação. Este artigo aborda os sinais indicativos de que a internação é necessária, os diferentes tipos de internação, os aspectos legais e éticos envolvidos, e o papel essencial da família e dos profissionais de saúde nesse processo. 

 

1. Entendendo a Dependência Química 

A dependência química, ou transtorno por uso de substâncias, é caracterizada pelo uso compulsivo de drogas, álcool ou outras substâncias, apesar das consequências adversas. Esta condição pode levar a graves problemas de saúde física e mental, afetar o desempenho social e profissional do indivíduo, e causar conflitos familiares e sociais. 

 

2. Sinais de que é Hora de Internar 

Reconhecer quando a internação é necessária pode ser desafiador, mas existem sinais claros que indicam a necessidade de um tratamento mais intensivo: 

  • Perda de Controle: O indivíduo não consegue controlar o uso da substância, consumindo quantidades cada vez maiores e com maior frequência. 

  • Comprometimento da Saúde: A dependência leva a sérios problemas de saúde física e mental, como desnutrição, doenças infecciosas, problemas cardíacos, depressão e ansiedade, e risco de overdose. 

  • Riscos à Segurança: O dependente coloca a si mesmo ou a outros em perigo, como ao dirigir sob a influência de drogas ou ao participar de atividades perigosas ou ilegais. 

  • Fracasso de Tratamentos Ambulatoriais: Quando tratamentos menos intensivos, como terapia ambulatorial ou grupos de apoio, não são eficazes ou não são seguidos pelo dependente. 

  • Deterioração das Relações Pessoais: O uso de drogas leva a conflitos constantes com familiares e amigos, isolamento social e perda de relações importantes. 

 

4. Aspectos Legais e Éticos 

A decisão de internar um dependente químico envolve considerações legais e éticas importantes: 

Direitos do Paciente 

O respeito aos direitos do paciente é fundamental, incluindo o direito à informação, à privacidade e a um tratamento digno. Mesmo em casos de internação involuntária ou compulsória, é essencial garantir que esses direitos sejam preservados. 

Procedimentos Legais 

A legislação brasileira, através da Lei nº 10.216/2001, estabelece diretrizes claras para a internação involuntária, visando proteger os direitos dos indivíduos com transtornos mentais. A internação deve ser baseada em avaliação médica criteriosa e notificada às autoridades competentes. 

Ética Médica 

Os princípios éticos de beneficência (agir no melhor interesse do paciente), não maleficência (não causar dano) e autonomia (respeitar as decisões do paciente) devem orientar todas as decisões relacionadas à internação. 

 

5. O Papel da Família 

A família desempenha um papel crucial na decisão de internar um dependente químico e no apoio durante o tratamento: 

Intervenção Familiar 

A intervenção familiar é uma abordagem onde os familiares se reúnem com o dependente para expressar suas preocupações e incentivá-lo a buscar tratamento. Esta intervenção deve ser bem planejada e, de preferência, conduzida com o auxílio de um profissional especializado para garantir uma abordagem compassiva e eficaz. 

Suporte Contínuo 

O suporte contínuo da família é vital durante e após a internação. Participar de terapias familiares, entender a natureza da dependência e criar um ambiente de apoio e compreensão são fatores que contribuem significativamente para a recuperação do dependente. 

Educação e Preparação 

A educação da família sobre a dependência química é essencial. Conhecer a doença, os desafios do tratamento e as estratégias de apoio pode ajudar a família a lidar melhor com a situação e oferecer o suporte necessário. 

 

6. O Papel dos Profissionais de Saúde 

Os profissionais de saúde têm uma responsabilidade fundamental em todo o processo de internação e tratamento: 

Avaliação e Diagnóstico 

Uma avaliação completa por médicos e psicólogos especializados é essencial para determinar a gravidade da dependência e as necessidades específicas do paciente. Esta avaliação inclui exames físicos, psicológicos e psiquiátricos. 

Desenvolvimento de Planos de Tratamento 

Os profissionais de saúde devem desenvolver planos de tratamento individualizados que combinam terapias médicas, psicológicas e sociais. Estes planos devem ser adaptados às necessidades específicas do paciente e ajustados conforme necessário durante o tratamento. 

Monitoramento e Ajustes 

O progresso do paciente deve ser monitorado regularmente, com ajustes no plano de tratamento conforme necessário para garantir a eficácia e responder a quaisquer complicações que possam surgir. 

Educação e Suporte 

Os profissionais de saúde também desempenham um papel crucial na educação do paciente e da família sobre a dependência química, fornecendo informações sobre a doença, o processo de recuperação e as estratégias de enfrentamento. 

 

Conheça os 3 Tipos de Internação: 

1. Internação Voluntária: Na internação voluntária, o paciente concorda em se submeter ao tratamento em uma clínica de reabilitação. Essa é geralmente a forma mais eficaz de tratamento, pois o paciente está motivado e comprometido com sua recuperação. Durante a internação voluntária, o paciente recebe cuidados médicos, terapia individual e em grupo, e outras formas de suporte para ajudá-lo a superar a dependência de crack. 

2. Internação Involuntária: A internação involuntária ocorre quando um indivíduo é internado em uma clínica de reabilitação sem o seu consentimento. Isso geralmente acontece quando a pessoa representa um risco imediato para si mesma ou para os outros devido ao uso de drogas. Embora possa parecer controverso, a internação involuntária pode ser necessária em casos graves nos quais o paciente não reconhece a gravidade de sua dependência. 

3. Internação Compulsória: A internação compulsória é semelhante à internação involuntária, mas é geralmente ordenada pelo sistema legal. Isso pode acontecer quando um indivíduo comete um crime relacionado ao uso de drogas ou representa um perigo significativo para a sociedade. A internação compulsória tem como objetivo proteger a pessoa e a comunidade, fornecendo tratamento obrigatório para sua dependência. 

 

Auxílio-Doença para Dependentes Químicos: 

No Brasil, o auxílio-doença é um benefício previdenciário pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aos trabalhadores que ficam temporariamente incapacitados para o trabalho devido a doença ou acidente. Isso inclui casos de dependência química, desde que comprovada a incapacidade laboral. 

Para obter o auxílio-doença por dependência química, o paciente precisa passar por uma avaliação médica do INSS, que determinará se ele está realmente incapacitado para o trabalho devido ao uso de drogas. Além disso, é necessário apresentar documentos médicos que comprovem o diagnóstico e a necessidade do benefício. 

O auxílio-doença para dependentes químicos é uma importante forma de apoio durante o processo de recuperação, garantindo que o paciente tenha acesso a tratamento médico adequado e possa se concentrar em sua reabilitação sem se preocupar com questões financeiras. No entanto, é importante ressaltar que o benefício é temporário e está sujeito a revisões periódicas para verificar a evolução do quadro clínico do paciente. 

 

Benefícios da Internação: 

A internação oferece uma série de benefícios para os dependentes químicos que buscam superar o vício e reconstruir suas vidas: 

  • Ambiente Estruturado e Livre de Drogas: Durante o período de internação, os pacientes são afastados de ambientes propícios ao uso de drogas, proporcionando uma oportunidade para a desintoxicação e a recuperação física e psicológica. 

  • Suporte Médico e Psicológico Especializado: As clínicas de reabilitação oferecem uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde, incluindo médicos, psicólogos, terapeutas e enfermeiros, que fornecem cuidados personalizados e apoio emocional durante todo o processo de tratamento. 

  • Programas de Reabilitação Personalizados: Os pacientes têm acesso a programas de recuperação personalizados, que abordam as causas subjacentes do vício, desenvolvem habilidades de enfrentamento e promovem a reintegração social e profissional. 

  • Redução do Risco de Recaída: A internação oferece um ambiente seguro e estruturado, onde os pacientes aprendem a lidar com gatilhos e situações de risco, reduzindo assim as chances de recaída após a alta. 

 

Conclusão 

Internar um dependente químico é uma decisão complexa que deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa de diversos fatores. Os sinais de que a internação pode ser necessária incluem a perda de controle sobre o uso de substâncias, riscos à segurança, deterioração da saúde física e mental, fracasso de tratamentos ambulatoriais e impacto negativo nas relações pessoais. 

Existem diferentes tipos de internação, cada uma com seus próprios critérios e procedimentos, incluindo internação voluntária, involuntária e compulsória. A decisão de internar deve sempre respeitar os direitos do paciente e ser guiada por princípios éticos e legais. 

A família e os profissionais de saúde desempenham papéis essenciais no processo de internação e no apoio contínuo ao dependente. Com a abordagem correta, é possível ajudar o dependente químico a encontrar o caminho para a recuperação e reintegrar-se na sociedade de maneira saudável e produtiva. 

A dependência química é uma doença tratável, e a internação pode ser um passo crucial para interromper o ciclo de uso e iniciar o processo de recuperação. A colaboração entre a família, os profissionais de saúde e, sempre que possível, o próprio dependente, é fundamental para garantir um tratamento eficaz e humanizado. 

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